Andirá: Projeto Educom termina

Ao som dos jovens músicos da Banda Marcial Musical de Andirá e com um ciclo de apresentação e exposição de trabalhos de conclusão de curso, os mais de 200 alunos do curso de formação em Educomunicação de Andirá terminaram nesta sexta-feira, dia 22, os módulos que fizeram parte do conteúdo programático nesta segunda fase de debates e ações, que iniciou no mês de março. A formatura foi no Cine Teatro São Carlos e marcou pela integração e pela diversidade de produções. Autoridades, imprensa e familiares dos alunos também participaram do encontro, que lotou as instalações da casa de eventos.
No total foram 16 apresentações. Cada grupo escolheu uma ferramenta da comunicação para produzir durante o período do curso. Para conhecê-las, os servidores passaram por várias oficinas de produção de mídia e desenvolveram projetos. Os encontros também sempre pautaram o debate sobre a necessidade de ecossistemas comunicacionais abertos e democráticos nos ambientes de socialização onde os servidores atuam. A apresentação foi coordenada pelo Secretário Municipal de Comunicação Social, Tiago Silvio Dedoné, que também é professor e pesquisador da área da educomunicação há mais de dez anos. Foi dele a coordenação do projeto.
Durante a abertura foi passado um vídeo com depoimento do professor Ismar de Oliveira Soares, da Universidade de São Paulo, principal referencia científica do campo da Educomunicação no mundo. Ele destacou o pioneirismo de Andirá no fomento de debates e ações. “Eu diria que Andirá se apresenta ao Brasil e aos estudiosos da Educomunicação, aos gestores de projetos na área, como um modelo a ser estudando, a ser analisado e a ser replicado. O que Andirá está fazendo é significativo, principalmente, no âmbito daquilo que chamamos de reflexão epistemológica da prática educomunicativa. É muito interessante e muito rico em saber que esta prática envolveu setores tão diferenciados. Andirá apresenta um modelo de trabalho em que a própria universidade precisa conhecer, estudar e replicar”, disse o especialista, convidando representantes de Andirá para integrarem um grupo de 150 especialistas do mundo que estarão num congresso internacional da ONU – UNESCO, este ano, na USP, expondo as experiências educomunicativas em vários países.

A comunicação pública é um direito irrestrito do cidadão”

Todos os dias, às sete da manhã, profissionais coletores de galhos da Secretaria Municipal de Viação e Serviços Públicos da Prefeitura de Andirá saem pelas ruas da cidade munidos dos equipamentos padrões para o serviço. Mas também levam junto outras ferramentas: a máquina fotográfica ou o celular. O objetivo é registrar em fotos e vídeos as podas irregulares de árvores que prejudicam a saúde das plantas, além de entrevistar moradores, orientando-os sobre os procedimentos corretos. Até uma rede social e uma comunidade no aplicativo WhatSapp eles têm. Na mesma manhã, nos vários Postos de Saúde da comunidade, enfermeiros, dentistas, profissionais de outros setores da Secretaria Municipal de Saúde, além de iniciar os atendimentos à população, também realizam captura de dados e imagens para a produção do jornal periódico com conteúdos de prevenção à doenças, dicas de saúde, entrevistas com médicos, campanhas e orientações, com objetivo de se aproximar ainda mais da comunidade.
Já os 80 membros do Centro de Convivência dos Idosos (CCI) – órgão atrelado à Secretaria de Ação Social do município -, também vêem na comunicação, mecanismos para ampliação dialógica, socialização, trabalho em equipe, práticas de produção diárias que dinamizam os cuidados com a saúde mental. São trabalhos de leitura crítica da mídia, jornal mural, produção fotográfica e reuniões de pauta para elaboração do jornal da instituição, com sugestões debatidas entre eles. Na Escola Municipal Pingo de Gente, na Vila Industrial, a comunicação também está fazendo diferença, integrando os setores. Cozinheiras e profissionais da limpeza se destacam por produzirem um projeto fotográfico com o tema “Alimentação Saudável e Higiene”.
A ação comunicacional levou as profissionais para dentro da sala de aula, onde ministraram um ciclo de palestras sobre o tema e promoveram exposições.
O projeto, que começou no início de 2015 e foi responsável pela reformulação de todo o plano de gestão da comunicação pública no município tem como meta democratizar o processo de produção informacional. As aulas levaram conhecimentos sobre a produção de Jornal Impresso, Fanzine, Jornal Mural, Web, Audiovisual, Fotografia, Produtos de Rádio, além de debates sobre a importância da comunicação democrática para consolidação dos ecossistemas comunicacionais abertos. Vários especialistas convidados estiveram ministrando os módulos, que ocorreram, semanalmente, no Cine Teatro São Carlos. O curso teve duas fases: uma teórica, em 2015, apresentando as ferramentas, áreas e metodologias da Educomunicação; outra prática, neste ano de 2016. Nesta última, o programa disponibilizou uma carga horária de 90 horas, sendo 30 para as oficinas e 60 para aplicações de produtos de comunicação dentro dos departamentos onde os servidores estão inseridos.
Participaram profissionais das secretarias de Educação, Agricultura e Meio ambiente, Defesa Civil, Viação e Serviços Públicos, Cultura, Saúde, Obras, Ação Social, Administração, além de estudantes e membros da comunidade. “Eu entendo que a comunicação pública é um direito irrestrito do cidadão. Tem que ser eficiente. Por isso não pode permear pelo viés apenas da assessoria de imprensa, mas, sim, da implantação de contínuos projetos de comunicação que emancipem as relações entre o poder público e as comunidades. A educomunicação é um deles”, complementou o jornalista.
Em março deste ano o município aprovou uma Lei municipal instituindo a Educomunicação como política pública, garantindo, assim, aos servidores municipais, a capacitação continuada e estrutura para que possam desenvolver projetos futuros na área. Com isso, o município de Andirá se tornou o segundo do Brasil a desenvolver esta ação – o primeiro foi o município de São Paulo -, recebendo reconhecimentos de pesquisadores da área de todo o país e tendo suas atividades destacadas na Associação Brasileira de Profissionais e Pesquisadores da Educomunicação, com sede em São Paulo.

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